Family Offices

O mundo à frente
Série de vídeos de inteligência coletiva para family office
investindo com impacto: A Nova fronteira
Caroline:
Sou Caroline Brady, Estrategista de Produtos para investimento de impacto da BlackRock.

2020 foi um divisor de águas para o investimento sustentável na América Latina e no mundo. Olhando para mais de 18 meses atrás, a sustentabilidade era vista como algo que “seria melhor se ter”. Hoje, ela faz parte de cada conversa que temos – e, provavelmente, agora é hora de os Family Offices migrarem do aprendizado sobre investimento sustentável para a incorporação ativa. Simplificando: o investimento sustentável chegou para ficar.

Na Pesquisa “Inside View” da BlackRock, um dos três principais temas que surgiram foi um interesse crescente na sustentabilidade. 80% dos entrevistados de Family Office indicaram que estão começando a se envolver em alguma forma de investimento sustentável, mas as alocações gerais nas carteiras permanecem relativamente baixas: com 22% na EMEA, 14% nos EUA e apenas 3% dos carteiras na América Latina, hoje.

A intenção de “fazer mais” é impulsionada pelo interesse e demanda da próxima geração de membros das famílias, além de um crescente reconhecimento e dados comprovados de que buscar resultados sociais e ambientais positivos por meio de investimentos não compromete o retorno.

Hoje, temos a companhia de Eric Rice, Diretor de Patrimônio Fundamental investidor na BlackRock e Gerente de Carteira do Flagship Global Impact Fund. 
Eric, considerando o seu conhecimento e muitos anos de experiência na área, em que é conhecido como o “arquiteto de investimentos de impacto e patrimônio público”, como o investimento resolve as necessidades de investimento dos investidores de family offices?

Eric:
Percebemos, Caroline, que quando começamos a olhar para isso quase uma década atrás, ouvíamos das famílias que elas tinham esse dilema: Como faço algo com meu patrimônio que vai gerar resultados positivos e mensuráveis? Em soluções sociais ou ambientais para os maiores problemas do mundo, mas, ao mesmo tempo, assegurar que estou obtendo um retorno, que estou maximizando o alfa no meu patrimônio.

E, quando você pensa nisso, o ESG aparece como uma espécie de resposta; mas isso não é investir em ESG. O investimento em ESG diz respeito a como as empresas operam; então você imagine uma empresa como a Coca-Cola, uma empresa ESG muito bem avaliada porque trata bem seus funcionários, porque tem boas práticas ambientais, mas o que estamos falando não é de como as empresas operam, mas como as empresas fazem.

Estamos investindo em empresas cujos bens e serviços estão resolvendo os grandes problemas sociais e ambientais do mundo. Essa é a grande diferença. Assim, exemplos na América Latina de nossas empresas de impactos são a MRV, que é uma construtora de habitação acessível no Brasil, ou o Mercado Libre da Argentina, ou a Orbi Advanced no México; todas elas tiveram fortes retornos ao longo do ano passado e fazem parte do nosso universo de mais de mil empresas em todo o mundo.

Caroline:
Obrigada, Eric. Você tocou em um ponto muito importante. O impacto do investimento está sendo focado na maximização de retornos em longo prazo. Então, na sua opinião, o que torna uma empresa impactante e como criar um universo?

Eric:
Temos alguns critérios muito claros para isso. A primeira coisa é: essas empresas estão alinhadas com nossos temas de impacto? E esses temas giram em torno das pessoas, como o acesso à educação, o acesso à saúde, à segurança e proteção ou em torno do meio ambiente; limpar a bagunça no meio ambiente, energia renovável, eletrificação, digitalização, e mais do que isso, mas nós temos um conjunto de temas que identificamos e é isso que você pode considerar uma “carteira temática”. 
O que cria uma “carteira de impacto” é, antes de mais nada, materialidade. Isto é, todas as empresas ali presentes devem ter pelo menos 50% de orientação para essas metas de impacto. E também devem ter o que chamamos de adicionalidade. Adicionalidade significa que, se não fosse pelo fato de essa empresa já existir, esse problema não seria resolvido. E assim, normalmente, isso vem do fato de a empresa ter novas tecnologias ou novos modelos de negócios, ou trazer isso para uma população que não foi atendida antes. E por isso, temos empresas que são agentes reais de mudança no mundo.

Caroline:
Obrigada, Eric. Então, apenas para detalhar um pouco mais sobre os retornos financeiros e os elementos de investimento de impacto; o que você acha da geração de retorno como um gerente de carteira?
Eric: 
Eu dividiria em duas partes. Uma delas é ser realmente disciplinado sobre o que cada empresa da carteira alcançará. Por isso, temos uma meta geral de MSCI ACWI, o Global Equities Index mais 4%. Assim, temos que ser muito disciplinados para que cada empresa, por nossa previsão, atinja essa taxa mínima ou mais.

A segunda parte é que temos empresas muito diferentes. Por isso, se você tiver uma empresa de fase muito inicial, uma empresa que está fazendo estações de carregamento de veículos elétricos, terá de buscar que essa empresa atinja uma taxa mínima ainda mais elevada ex-ante, porque você quer ter certeza de que, como um todo, a carteira leva a ações globais mais 4%.

A outra coisa em que nos concentramos é a gestão de riscos. Temos uma abordagem multifacetada para a gestão de riscos. Isso provém do fato de ter empresas em diferentes estágios, ter uma ampla gama de regiões e também acompanhar estatisticamente todos os aspectos do risco. E acho que é por isso que nós conseguimos ter uma carteira orientada para alfa durante tanto tempo.

Caroline:
E é verdade que este tipo de abordagem proporciona retornos sólidos juntamente com impactos mensuráveis que contribuíram para uma ótica e coleta de recursos ampla em investimentos de impacto no ano passado. Mas com os clientes de Family Office com quem estamos trabalhando, estamos agora na fase de implementação. Entretanto, ainda estamos em estágios relativamente iniciais dessa mudança.

Nós da BlackRock estamos trabalhando incansavelmente para acompanhar o interesse, o aprendizado e a demanda do cliente. Só em 2020, nossa plataforma dobrou em ativos sob gestão, e quase dobramos o número de estratégias disponíveis para nossos clientes. À medida que olhamos para 2021 e depois, continuaremos a focar em inovação e na liderança neste espaço – juntamente com você, nosso cliente.

Obrigado.